Ministério da Cultura, apresenta
Fada de Botas
Fada de Botas

Enfeite para colocar nos pés

Um pequeno trecho do livro Fada de Botas, onde a querida fadinha Amanda conta para a Fada Conselheira qual era o seu maior desejo!

– Eu queria tanto ter um enfeite para colocar nos pés… Desses enfeites protetores que os humanos usam.

Foi assim que fiquei sabendo do grande desejo da Amanda. Nunca, em toda a minha vida de Fada Conselheira, tinha escutado algo assim. Geralmente são os humanos que pedem coisas de fadas: varinha, vestido, pó mágico, até asas!

Nunca o contrário. Mas naquela manhã, no meu consultório, uma fadinha de cabelos cor-de-rosa, sentada na poltrona bem à minha frente, dizia que desejava enfeites de pé iguais aos usados pelos humanos.

– Enfeites de pé, Amanda?

– É, dona Fada, desses enfeites protetores e coloridos que os humanos colocam nos pés. Já vi preto, azul, amarelo. Alguns têm cordão de amarrar, outros têm fivela. O meu enfeite preferido é cor-de-rosa, começa no pé e vai até o joelho.

– Ah… minha querida, você deve estar falando de sapatos e botas!

Amanda sorriu, parecia que finalmente alguém do Mundo das Fadas havia entendido seu desejo. Aproveitei para observar melhor a fadinha Amanda e seus longos cabelos.

Enquanto ela falava, olhei com mais atenção suas asas cintilantes, que brilhavam quando sorria.

As fadas geralmente são parecidas: asas, cabelos longos, vestidos curtos e graciosos. Amanda parecia igual a todas, exceto por dois detalhes: ela usava óculos e tinha asas cintilantes.

– Minhas amigas, colegas de sala na escola, vivem rindo de mim. Dizem que sou diferente. Só que quando me olho no espelho, me acho igual às outras, aí fico confusa…

– Amanda, ninguém é igual a ninguém.

Mas bem lá no fundo, eu sabia que desejo, quando é grande demais, faz a gente ficar diferente, o que era o caso daquela fadinha.
Ela não disse mais nada, por isso achei melhor avisar que o horário de aconselhamento havia acabado. Amanda levantou e se despediu com um aceno de mão.

Não deve ser fácil sentir-se diferente, pensei, olhando a fadinha ajeitar seus óculos de aros redondos. E desejei que ela voltasse no dia seguinte, pois havia muito para conversar.

Você também se acha diferente dos outros? Já pensou em como você é especial?